Lina Bo Bardi

LINA BO BARDI 

 

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    Achilina di Enrico Bo, conhecida como Lina Bo nasceu no dia 5 de dezembro de 1914 em Prati di Castello, Roma. Sua família era composta da mãe Giovanna Adriana Grazia e pai Enrico Bo. Depois de cursar o Liceo Artistico de Roma, Lina se forma em arquiteta com o trabalho de graduação com o tema “Núcleo Assistencial da Maternidade e da Infância.”


    Após seu casamento com Pietro, o casal visita Rio de Janeiro, aonde conhece a vanguarda das artes no Brasil. No ano seguinte, Pietro é convidado pelo jornalista, empresário e político Assis Chateaubriand para fundar e dirigir um museu de arte moderna. Lina naturaliza-se brasileira em 1951 e no mesmo ano completa seu primeiro projeto arquitetônico realizado: a Casa de Vidro.


  • 1958 vai para Salvador  para dar conferências na Escola de Belas Artes da Universidade da Bahia, e é convidada para dirigir o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) 
  • 1966 retorna para São Paulo, retornando para o projeto do MASP que após sua inauguração em
  • 1968 virá a ser um dos marcos mais icônico da arquitetura Brasileira

Durante seus últimos dez anos de vida, após a inauguração do SESC Pompeia em 1982, Lina abriu uma nova fase em sua carreira. Apoiada pelos seus jovens colaboradores, Marcelo Ferraz, André Vainer e Marcelo Suzuki, produziu projetos que apontavam para uma renovação da arquitetura brasileira, então um tanto acomodada pela falta de oxigênio cultural dos anos da ditadura. Após sua morte em 1992, o reconhecimento desses anos foi potencializado pelo Instituto Bardi, graças a suas exposições, publicações e presença na mídia. Lina tornou-se uma referência internacional.


Obras: 

casa de vidro

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    Em 1951 a primeira obra de Lina Bo Bardi é inaugurada no Brasil, conhecida como a Casa de Vidro, localizado no bairro do Morumbi, zona sul de São Paulo, a primeira residência do bairro. Até então a região do Morumbi era  dominado pela Mata Atlântica, quando a expansão da cidade começava a ocupar a outra margem do rio Pinheiros. Inicialmente a Casa de Vidro foi idealizada como a residência do casal e sede do instituto de Arte Contemporânea, Lina viveu sua vida inteira nessa residência

    Uma das primeiras intenções de Lina foi conservar o perfil natural do terreno, o que influenciou para que a frente da casa fosse construída sobre pilotis, mas sem deixar de fazer referência a um dos cinco pontos da arquitetura propostos por Le Corbusier. O vidro e o Aço é a marca registrada do projeto de Lina, caracterizando como uma leveza

    A estrutura vertical se compõe por esbeltos tubos de aço, dispostos em uma modulação de quatro módulos de largura por cinco de profundidade. Formam o pilotis da residência e avançam pela laje do piso superior até alcançarem a laje de coberta, ambas de concreto armado.


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    A casa de vidro é dividida em dois blocos, a área comum e a área privada. Área Comum oferta a sala de estar e jantar, onde se localiza os grandes vidros da edificação. Ao centro desse salão se encontra uma grande árvore natural que foi conservada durante a construção do edifício. Além de servir como elemento de amenização climática, possibilitando ventilação cruzada nos dias quentes, esse elemento reforça o desejado contato com a natureza. Uma escada aberta, feita com estrutura de aço e degraus de granito, é o acesso principal ao andar superior da casa. Seu desenho de linhas simples é o único elemento que se sobressai no vazio do pilotis.

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    O segundo bloco, que é a área comum, onde se localiza os quartos e a área de serviços. onde se localiza a parte maciça da casa.  Os dormitórios são adjacentes ao salão de estar e a área de serviços forma o último módulo, a norte. Conectando essas duas faixas está a cozinha, que junto a outro patio aberto, mais amplo que aquele do salão de estar, conformam a faixa central dessa porção maciça da residência. O patio é mais uma vez um elemento essencial para o conforto da casa, permitindo a ventilação de todos os dormitórios. No primeiro piso, além disso, se encontram as zonas de máquinas e a garagem.

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    Em 1987, a casa de vidro foi tombada como patrimônio histórico do Estado de São Paulo, e desde 1995 é sede do instituto Lina Bo e P.M. Bardi 

MASP

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    O Museu de Arte de São Paulo é um museu privado sem fins lucrativos, fundado em 1947 pelo empresário e mecenas Assis Chateaubriand (1892-1968), tornando-se o primeiro museu moderno no país. Chateaubriand convidou o crítico e marchand italiano Pietro Maria Bardi (1900-1999) para dirigir o MASP, e Lina Bo Bardi (1914-1992) para desenvolver o projeto arquitetônico e expográfico. Mais importante acervo de arte europeia do Hemisfério Sul, hoje a coleção do MASP reúne mais de 10 mil obras, incluindo pinturas, esculturas, objetos, fotografias, vídeos e vestuário de diversos períodos, abrangendo a produção europeia, africana, asiática e das Américas.
    Primeiramente instalado na rua 7 de Abril, no centro da cidade, em 1968 o museu foi transferido para a atual sede na avenida Paulista, icônico projeto de Lina Bo Bardi, que se tornou um marco na história da arquitetura do século 20. Com base no uso do vidro e do concreto, Lina Bo Bardi concilia em sua arquitetura as superfícies ásperas e sem acabamentos com leveza, transparência e suspensão. A esplanada sob o edifício, conhecida como “vão livre”, foi pensada como uma praça para uso da população.
    A radicalidade da arquiteta também se faz presente nos cavaletes de cristal, criados para expor a coleção no segundo andar do edifício. Ao retirar as obras das paredes, os cavaletes questionam o tradicional modelo de museu europeu, no qual o espectador é levado a seguir uma narrativa linear sugerida pela ordem e disposição das obras nas salas. No espaço amplo da pinacoteca do MASP, a expografia suspensa e transparente permite ao público um convívio mais próximo com o acervo uma vez que ele pode escolher o seu percurso entre as obras, contorná-las e visualizar o seu verso.

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    Encontra-se num ponto privilegiado da cidade, o cruzamento de dois eixos viários sobrepostos: a Avenida Paulista e o túnel da Avenida 9 de Julho. O edifício foi projetado como um contêiner de arte, que armazena a cultura na zona onde se implanta. Uma arquitetura simples, que comunica de imediato aquilo que no passado foi chamado de monumental.

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    O edifício é materializado como um grande volume que se suspende para deixar o térreo livre, estruturando-se em dois grandes pórticos. O volume elevado está suspenso a oito metros do solo. Com uma extensão total de 74 metros entre os pilares, a obra constituiu o maior vão livre do mundo em sua época.

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    O museu tem aproximadamente 10 mil metros quadrados. A sua base constitui uma grande praça. Nela está um extenso hall cívico, palco de reuniões públicas e politicas; um teatro-auditório e um pequeno auditório com sala de projeção.

    No volume suspenso estão a pinacoteca, com seus escritórios, salas de exposições temporárias, salas de exposições particulares, e arquivos fotográficos, filmográficos e videográficos. Para exibir as pinturas, foram utilizadas lâminas de vidro temperado suportadas por um bloco base que imitava concreto. Isto relembrava a posição do quadro sobre o cavalete do artista.

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    O vazio, que constitui a praça seca e hall de entrada do edifício, articula ambos os lados do edifício com a cidade: por um lado os edifício da Avenida Paulista, que estão na mesma cota que o vazio, e por outro, o espaço que se abre nas cotas escalonadas até o interior do túnel da Avenida 9 de Julho. O vazio entrega ao projeto um espaço de ar e sombra entre os altos edifícios da cidade.

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    A ideia do vazio, de ar, relaciona-se com a forma de exposição dentro do museu, e expressa, também, um conceito de tempo no qual o espectador é quem domina e gere o espaço, e não o contrário. O grande espaço livre, tanto exterior como interior, é gerido pelo visitante, sem obriga-lo a tomar uma direção ou outra, mas sim permitindo que se mova livremente.

SESC POMPÉIA

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    O SESC Pompéia esta localizado na Vila Pompéia, em Perdizes, na zona Oeste de São Paulo. Constituído por três volumes prismáticos de concreto aparente surgem ao lado dos antigos galpões da fábrica de tambores de 1930 da Pompéia: um prisma retangular de trinta por quarenta metros de base e quarenta e cinco metros de altura; um segundo prisma retangular, menor e mais alto que o primeiro, de quatorze por dezesseis metros de base e cinquenta e dois metros de altura; e um cilindro de oito metros de diâmetro e setenta metros de altura.
A primeira parte da unidade foi inaugurada em 1982 e, em 1986, abriu para o público o bloco esportivo.  
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    O prisma maior apresenta cinco pavimentos, com oito metros e sessenta centímetros de altura entre pisos. Apresenta apenas paredes perimetrais portantes, que medem trinta e cinco centímetros de espessura, e nenhuma estrutura interna complementar. São moldadas com tábuas horizontais de madeira. As lajes nervuradas protendidas medem um metros de altura total.

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    Cada uma das passarelas elevadas apresenta um desenho diferente, ainda que sob as mesmas regras: partem de uma mesma abertura no prisma menor e se ramificam levando a duas aberturas simétricas no prisma maior. Têm dois metros de largura e peitoris de um metros e vinte centímetros. A primeira passarela, a partir de baixo, forma um V perfeito. A segunda também forma um V perfeito e leva a aberturas um pouco mais centralizadas que as da primeiras passarela, configurando um V mais fechado que o inferior. A terceira passarela parte como uma linha reta perpendicular, e somente depois da metade do vão se bifurca, assemelhando-se a um Y. Suas aberturas de chegada no prisma maior estão um pouco mais centralizadas que as inferiores, quase na mesma medida que as da segunda passarela em relação às da primeira. A quarta e última passarela volta a ser um V, porém imperfeito: um dos braços do V surge do outro, ou seja, não coincidem no ponto de saída. Além disso, a saída no prisma menor é desalinhada em relação às passarelas inferiores. As aberturas de chegada estão próximas aos extremos do prisma maior, formando um V mais aberto que os demais.

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    O último prisma que compõe o conjunto é um cilindro formado a partir da concretagem sistemática de setenta anéis de um metros de altura cada. Une-se ao prisma menor através de uma passarela metálica que parte da sua cobertura. 

museu de arte moderna - salvador

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    Construído no antigo Solar do Unhão, preservando todos os galpões do antigo engenho, apenas demolindo um para a instalação de uma praça. Com grandes espaços vazios  O museu foi projetado para ser um espaço vivo, com grandes janelas abertas, vista para o mar e ventilação natural. Característico por uma escada de madeira de grandes dimensões, apenas com encaixes e sem pregos. Pensado para ser um museu-escola para incentivar e expor a produção cultural da região Nordeste.

    Durante o processo da concepção do projeto, Lina acaba sendo demitida por conta do golpe militar, voltado para São Paulo, e deixando o projeto

iGREJa Divino espírito santo do cerrado


    Localizada em Uberlândia, a igreja é a sede da Paróquia do Divino Espírito Santo. Esse foi literalmente um projeto comunitário e feito a centenas de mãos. Isso porque os moradores da região insistiram bastante para participar de todo o projeto, desde a concepção até a construção em si, porque eles desejavam que o senso de comunidade da cidade fosse respeitado e que um dos principais pontos de convivência fosse feito baseado nessa premissa de convivência.

Lina Bo Bardi esteve várias vezes em Uberlândia para se certificar que tudo na obra estava correndo bem e auxiliando todas as pessoas que estavam participando da construção. De tão participativa que a cidade era, foi criado até um “conselho de construção” para garantir que tudo sairia conforme o planejado. O projeto de Lina Bo Bardi demorou 5 anos para se concretizar e a igreja foi inaugurada em 1981. Feita em forma circular, a igreja lembra um Panteão Romano, deixando claro as origens de Lina Bo Bardi e seu estilo peculiar. Ainda hoje a cultura da convivência é preservada e constantemente pessoas se reúnem aos arredores da igreja para confraterniza

A Igreja Espírito Santo do Cerrado constitui-se de um conjunto formado pelo espaço de celebração, a igreja propriamente dita, por uma residência para três religiosas, um salão e um campo de futebol. A implantação destes foi realizada através da execução de quatro platôs. Na realização desse projeto, foram utilizados materiais do próprio local, tais como tijolos de barro e a estrutura portanto de madeira, em aroeira da região.

Restringiu-se o emprego do concreto armado apenas às partes essenciais da estrutura: pilares e vigas dos volumes circulares da igreja e da residência. O volume da Igreja é localizado na parte mais alta do relevo. Seu acesso se dá frontalmente à Avenida dos Mognos, por uma porta de madeira treliçada.



O volume é constituído por um círculo, cuja estrutura do telhado é sustentada por oito pilares em madeira, dispostos regular e ortogonalmente. A estrutura do volume apresenta vigas e pilares em concreto armado, aparentes na fachada, com fechamento externo em tijolinho também aparente. Nas paredes internas é visível massa e pintura na cor branca, aplicadas em uma intervenção posterior.

O piso é realizado em pedra portuguesa, com pintura na cor rosa, com corredor central com piso com pintura branca e moldura em toda a extensão da circunferência na cor preta. A Igreja não possui forro, ficando aparentes a estrutura do telhado em madeira e o revestimento em telhas capa-e-canal.




Bibliografia:

http://www.jamnomam.com.br/mam

https://www.archdaily.com.br/br/01-153205/classicos-da-arquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi

https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/19.220/7172
https://www.salvadordabahia.com/experiencias/casa-do-benin/



 










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