Le Corbusier


LE CORBUSIER





   Charles Edouard Jeanneret, conhecido como Le Corbusier, nasceu em 6 de outubro de 1887 em Chaux-de-Fonds, Suíça. Aos 13 anos entrou para a escola de arte. Aos 15 anos, recebeu um prêmio da Escola de Artes Decorativas de Turim pelo desenho de um relógio. Em 1906 realizou seu primeiro projeto: a casa de um fabricante de relógios. 
   Em 1907 viajou pela Europa com o objetivo de aprimorar seus conhecimentos e no ano seguinte passou a trabalhar no escritório de Auguste Perret, pioneiro do concreto-armado, onde recebeu importante influência em sua formação profissional. Posteriormente fundou o Atelier das Artes Reunidas. Em 1910 viajou à Alemanha, onde trabalhou como desenhista no estúdio de Behrens, outro pioneiro da construção moderna. No ano seguinte, percorreu a Europa Central e a Grécia, produzindo desenhos que seriam depois reunidos no livro Viagens no Oriente.
   Entre 1912 e 1914 participou, como professor, de uma nova seção da Escola de Chaux-de-Fonds, criada nos moldes da Bauhaus, projetando algumas casas para industriais da região. Em 1914 realizou o projeto de uma cidade-jardim para sua terra natal, assim como o de um sistema para a reconstrução das cidades francesas destruídas pela Primeira Guerra Mundial.
   Em 1917 instalou-se em Paris e começou a trabalhar na Sociedade de Aplicação do Concreto Armado. No ano seguinte, junto com o pintor Amédé Ozenfant publicou Après le cubisme, em que faziam críticas ao movimento e propunham um retorno ao desenho rigoroso do objeto. Iniciou-se, então, na a pintura, já sob o pseudônimo de Le Corbusier, e fez exposições regulares até 1924.
   Ozenfant e Le Corbusier fundaram a revista L’Esprit Nouveau, para a qual contaram com a cooperação de importantes intelectuais como Aragon e Jean Cocteau. A revista passou então a ser sua principal atividade e meio de ação: em suas páginas,Le Corbusier fazia uma arquitetura para a qual ainda não havia mercado. Tornou-se, assim, um arquiteto conhecido entre a vanguarda parisiense antes mesmo de ter um número significativo de obras construídas. Essa notoriedade lhe proporcionou as primeiras encomendas e a realização de seus primeiros projetos, sobretudo casas de campo nos arredores da capital francesa.
   Seu objetivo de construir habitações populares em grande escala continuava em suspenso, pois a política de poderes públicos na França era ditada, desde meados do século XIX, pelos acadêmicos da École des Beaux-Arts, que estendiam sua influência em todas as direções, orientando as decisões até mesmo de concursos internacionais. Restou a Le Corbusier a clientela privada de franceses e estrangeiros amantes da arte moderna e de concepções inovadoras de habitar, que tinham em Paris seu centro social e cultural.
   De 1927 a meados da década de 1930, a atividade de seu pequeno escritório esteve em pleno desenvolvimento.     Le Corbusier ministrava conferências e elaborava projetos revolucionários de urbanismo para países europeus, da África do Norte e da América Latina, incluindo o Brasil, que visitou pela primeira vez em 1929. Nesse mesmo ano participou da organização do I Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (Ciam), cujas resoluções finais estabeleceram os princípios de atuação do movimento moderno na arquitetura.
   Em 1930 casou-se com a parisiense Yvonne Gallis, tornando-se cidadão francês. Em 1936, retornou ao Brasil para orientar o projeto do prédio do Ministério da Educação e Saúde. Como um dos fundadores do grupo Ciam influenciou decisivamente, com suas idéias, a arquitetura moderna no Brasil. Em 1940, quando Paris foi ocupada pelos alemães, fechou seu escritório e refugiou-se no sul da França. Nos anos seguintes intensificou seus contatos internacionais, firmando seu prestígio como pensador da nova arquitetura e tentando demonstrar a exeqüibilidade dos novos métodos de construir.
   De 1945 a 1949 atuou como consultor para a reconstrução de cidades destruídas, e viu dois de seus projetos  serem realizados, entre os quais o da Unidade de Habitação de Marselha. Em 1946 e 1947, junto com Oscar Niemeyer, participou dos estudos para a edificação da sede da ONU, em Nova Iorque. Sua consagração como grande arquiteto internacional só aconteceu na fase final de sua carreira, entre 1950 e 1965. Em 1959, recebeu o título de doutor honoris-causa pela Universidade de Cambridge. Morreu em 1965.

   

OBRAS

                                                      VILLA SAVOYE


Situado em Poissy, uma pequena comuna fora de Paris, é uma das contribuições mais significativas para a arquitetura moderna do século 20, Villa Savoye de Le Corbusier. Concluída em 1929, a Villa Savoye é uma versão moderna de uma casa de campo francesa que celebra e reage à nova era das máquinas.
A casa sozinha transformou a carreira de Le Corbusier, bem como os princípios do Estilo Internacional; tornando-se um dos precedentes arquitetônicos mais importantes da história. O distanciamento da Villa Savoye de seu contexto físico faz com que seu design seja contextualmente integrado ao contexto mecanicista / industrial do início do século 20, definindo conceitualmente a casa como uma entidade mecanizada.


                                      

Le Corbusier é famoso por afirmar: “A casa é uma máquina para viver”. Essa declaração não se traduz simplesmente no projeto de uma linha de montagem em escala humana; em vez disso, o design começa a adquirir qualidades inovadoras e avanços encontrados em outros campos da indústria, em nome da eficiência.


Em resposta às suas aspirações e admiração pelo design mecanizado, Le Corbusier estabeleceu “Os Cinco Pontos” da arquitetura, que é simplesmente uma lista de elementos prescritos a serem incorporados no design. Os Cinco Pontos da arquitetura podem ser considerados como a interpretação moderna de Le Corbusier dos Dez Livros sobre Arquitetura de Vitruvius, não literalmente no sentido de um manual de instruções para arquitetos, mas sim uma lista de verificação dos componentes necessários do projeto. Tanto é verdade que a Villa Savoye é totalmente adaptada aos Cinco Pontos de Corbusier.

 

  • Pilotis
  • Terraço plano 
  • Plano aberto 
  • Ribbon 
  • Fachada Livre


                                          

Nesse ponto da carreira de Le Corbusier, ele ficou intrigado com a tecnologia e o design dos navios a vapor. O resultado simplista e aerodinâmico nascido de técnicas inovadoras de engenharia e design modular influenciou o planejamento espacial e a estética minimalista de Corbusier.

Os pilotis que sustentam os conveses, as janelas de fita que correm ao longo do casco, as rampas proporcionam um momento de saída de convés em convés; todos esses aspectos serviram de base para os Cinco Pontos da Arquitetura e são encontrados na composição geral da Villa Savoye.

Ao entrar no local, a casa parece flutuar sobre o pitoresco fundo florestal sustentado por delgados pilotis que parecem se dissolver entre a linha das árvores, já que o nível inferior também é pintado de verde para aludir à percepção de um volume flutuante.




O nível inferior serve como programa de manutenção e serviço da casa. Um dos aspectos mais interessantes da casa é a fachada curva de vidro no nível inferior que é formada para coincidir com o raio de viragem dos automóveis de 1929, de modo que quando o proprietário dirigir por baixo do volume maior, eles possam puxar para a garagem com a facilidade de um ligeira volta.
Os aposentos, ou o volume superior, são equipados com janelas de fita que se misturam perfeitamente com a fachada branca e austera, que anula a (s) fachada (s) de qualquer hierarquia. As janelas de fita começam a brincar com a percepção do interior e do exterior, que não se expressa totalmente antes de entrar.

No entanto, uma vez lá dentro, torna-se uma compreensão clara da interação espacial entre os espaços públicos e privados. Normalmente, os espaços de uma casa são relativamente privados, fechados e bastante isolados. No entanto, Le Corbusier situa os espaços vivos em torno de um terraço externo comum que é separado da sala por uma parede de vidro deslizante.

Esta noção de áreas privatizadas dentro de um ambiente comunal maior é um fio condutor mais tarde nos projetos habitacionais de Le Corbusier.


Tanto o andar inferior quanto os aposentos superiores são baseados em uma ideia de plano aberto que provoca o habitante a vagar continuamente entre os espaços. Como um tour de force arquitetônico, Le Corbusier incorpora uma série de rampas que se deslocam do nível mais baixo até o jardim da cobertura, o que exige que o habitante diminua a velocidade e experimente o movimento entre os espaços.

                                                         

Villa Savoye é uma casa projetada com base no calçadão arquitetônico. Sua experiência está no movimento pelos espaços. Só quando nos familiarizamos com as peculiaridades sutis é que o movimento e a proporcionalidade dos espaços evocam uma sensação de monumentalidade no subúrbio parisiense.

                                                  



                                                         CASA CURUTCHET

   A Casa Curutchet é uma residência unifamiliar e consultório médico do seu proprietário, o dr. Pedro Domingo Curutchet. Foi inaugurada seis anos depois de o projeto ser aprovado. Em 1987, foi declarada monumento nacional, e atualmente é a sede do CAPBA.
   O proprietário decidiu contratar Le Corbusier após uma intensa busca, sem resultados, entre diversos arquitetos argentinos. Le Corbusier aceita a proposta, mas não viajaria a Argentina. Foi preciso então designar alguém de sua confiança para a execução da obra. Assim apareceu a figura de Amancio Williams, jovem arquiteto argentino, que teve grande influência no desenho final do projeto. Entre suas contribuições aparecem a escada em 180º, a substituição dos muros por panos de vidro, e a permissão de que a obra fosse construída na base do sistema de medidas de Le Corbusier, “o Modulor”, e não segundo as medidas do país.



   A Casa Curutchet é a única obra de Le Corbusier construída na América Latina, apesar de suas muitas tentativas, projetos, e visitas a diversos países. A residência reúne ainda os cinco pontos da arquitetura formulados pelo arquiteto franco-suíço: planta livre, fachada livre, janela em fita, construção sobre pilotis, teto jardim.
     Localizada em um terreno de 9×20 m, entre terrenos e em frente à Praça Rivadavia, a casa cria uma relação empática com seu contexto. 


   No terraço da fachada norte, é integrado um brise, com o que se mantem a linha das edificações vizinhas. O arquiteto produz uma obra única porém em dialogo entre os elementos existentes (vizinhos e parque), e com a criação de novos espaços, como o terraço e o pátio.
   Para sua distribuição, considerando os requerimentos do proprietário, a casa é dividida em dois volumes: um para o consultório que dá para frente da rua e o parque, e a residência propriamente dita, orientada ao pátio ao fundo numa área mais reservada. Ambos volumes articulam-se ao redor do pátio central e a rampa de acesso, e atuam como um só volume virtual.





    Esta rampa organiza as circulações interiores num “promenade” ascendente e obriga um caminho vertical pela casa dando aos espaços um jogo interessante de perspectivas e um caráter dinâmico. Também produz uma alteração do ritmo e da dinâmica de percurso que acompanha desde o exterior.
    O realce do vazio, o uso de transparências, a sobreposição de planos horizontais e verticais, os espaços fragmentados e fluídos ao mesmo tempo, a diferenciação de escala entre o interior e o exterior, dão grande riqueza espacial à habitação e demonstram uma nova maneira de combinar forma e técnica num mesmo projeto, e resulta numa obra de indiscutível valor.

                                             




                                                    Convento de La Tourette - França


   O terreno apresenta um acentuado declive e poderosas vistas. Cada uma das cem células possui um balcão virado ao exterior, com as áreas comunais abaixo e o claustro contínuo em volta da cobertura. O edifício é materializado em concreto armado aparente, com superfícies envidraçadas em três das quatro faces externas.
   O Mosteiro é composto por cem células individuais, uma biblioteca comunitária, um refeitório, uma cobertura claustro, uma igreja, e salas de aula.
                                                 


    Os pilotis alinham-se às paredes internas e abrem as fachadas a grandes panos de vidro. Os clássicos telhados jardins conformam um promenade arquitetônico.
    Os espaços de residência e local de aprendizagem localizam-se num volume em forma de U, em torno do pátio central, fechado pela capela ao fundo que, ao ser sutilmente afastada, cria uma hierarquia e um ponto de vista no pátio, tanto interna, como externamente.


                                                        


Grande parte do caráter do edifício encontra-se em seu interior, com as esquadrias de chão ao teto nas áreas públicas, a sala capitular e o refeitório com impressionantes vistas a oeste sobre o vale, a biblioteca, e a entrada da igreja.


                      


   Das cem células individuais de moradia, 84 possuem as dimensões de 5,29 x 1,83 e 2,26 m de pé direito, destinadas aos estudantes. As 16 restantes, para os professores, são um pouco maiores, 5,29 x 2,26 e 2,26 m de altura. Tais medidas provém de um dimensionamento preciso, da habitação mínima, a qual dispõe as atividades em fila. Todas as células possuem um balcão contínuo, que conforma a loggia -alvéolos em balanço que percorrem todo o pavimento. Além de sua função intrínseca e de composição de fachada, funcionam como brise-soleil, impedindo a incidência solar no verão e permitindo-a no inverno.
                                              


    A rampa à entrada da igreja constitui-se num elemento icônico do projeto: um corredor austero de concreto aparente com montantes de espaçamentos desiguais, mas ritmados -os ondulatoires- conduzindo a uma parede de metal rígido que, ao rotacionar, dá acesso à penumbra e o colorido do restante da capela.
    A capela diferencia-se do restante da edificação, por não possuir pilotis e apresentar um esqueleto estrutural independente. Conforma um volume de 44 por 11 metros, encerrado por paredes de concreto aparente, com o pé direito atingindo os 17 metros, no ponto mais elevado da nave. A aparência do concreto bruto, com o desenho e a textura das fôrmas de tábuas de madeira, absorve e evidencia a luz natural incidente, além de conferir uma essência austera ao espaço.
                                                   


    O interior da capela revela uma caixa de concreto, que concede sua essência espiritual através da utilização da luz natural e das cores fortes, seletiva e cuidadosamente inseridas. "Canhões de luz natural" são criados, pelos cinco tipos diferentes de aberturas ao redor da igreja, permitindo incidir a luz do dia, graciosamente esculpida no exterior. As cores também estão presentes nessas aberturas, que dão à igreja um brilho quente e evocativo.
    A luz desempenha papel fundamental no projeto e responde às necessidades funcionais e à simbologia de cada espaço. Seja no caso dos grandes panos de vidro nas circulações, emoldurados pela cadência quase musical dos ondulatoires; ou nos rasgos sutis, tanto verticais como horizontais, que conferem uma áurea quase santa ao concreto armado; ou nos "canhões de luz", aberturas zenitais que direcionam a luz e criam pontos focais no espaço.
                                                



                                                       Capela de Ronchamp- Paris

    Em 1950, Le Corbusier foi contratado para projetar uma igreja católica para substituir a igreja anteriormente destruída durante a Segunda Guerra Mundial. ”Uma capela de peregrinação? Isso interessa-me, é um problema de torneiras!”, declarava o arquiteto.
    O sítio de Ronchamp era há muito tempo um lugar de peregrinação que estava profundamente enraizado na tradição católica, porém, após a guerra, ele foi destituído de seu principal símbolo de comunhão, sua igreja, atingida por um bombardeamento alemão, no outono de 1944. Esse mesmo edifício já havia substituído outro anterior, destruído por um incêncio em 1913.
                                                  

    O programa era simples: nave principal, três pequenas capelas para cultos mais reservados e independentes da missa coletiva e um altar externo para as cerimônias campais, nos dias de peregrinação. Foi pedido também uma sacristia e um pequeno escritório num piso superior. Além disso, o recoletamento das águas das chuvas era um fator importante para o projeto, devido à escassez da colina.
                                                

                                      

O edifício é configurado por quatro muros, bem definidos em planta, que conformam suas quatro fachadas e representam os quatro pontos cardiais. A grande, pesada e sinuosa coberta de concreto armado aparente é o que dá unidade ao conjunto e é o que evidencia os dois escorços -mais que quatro fachadas- sob os quais o edifício foi concebido: o escorço sudeste, formado por dois muros côncavos, com amplos beirais, convidando o acesso à capela e criando os espaços de congregação; e o escorço noroeste, formado por dois muros convexos, sem beirais, e demarcados pelas três torres das capelas discretamente separadas dos muros adjacentes.
                              

    O peso da coberta é reforçado pelo tom escuro e aparência tosca do concreto armado em contraste com os muros brancos e espessos que a sustentam. No entanto, tal massividade externa é subvertida no interior do edifício: uma linha de luz separa a coberta dos muros, tornando-a flutuante. Maciço e pesado externamente, a capela de Ronchamp é uma desmaterialização espacial produzida pela luz, que invade por todas as partes o seu interior, “como se escorresse”.

                                       


    Dissimulada e diminuída posteriormente em incontáveis metáforas, a coberta da capela é uma estratégia de recoletamento de águas pluviais. Em seu ponto mais baixo, no muro oeste, uma gárgula dirige as águas a uma abertura no solo, com elementos geométricos sobressalientes, conectada ao reservatório.
    Desde o cidade, abaixo do monte sobre o qual está implantada a capela, os muros e a coberta curvos são o que definem o edifício, que se impõe como uma resposta ao próprio sítio, embora sob um jogo de contrastes, tão correntes da prática corbusiana.
                                                         Unite d' Habitation- França
    Após a Segunda Guerra Mundial, o déficit habitacional estava em um nível sem precedentes. A Unidade de Habitação em Marselha, França, foi o primeiro projeto em larga escala do famoso arquiteto, Le Corbusier. Em 1947, a Europa ainda sentia os efeitos da Segunda Guerra Mundial, e Corbusier foi contratado para projetar um conjunto habitacional para a população de Marselha relocada após atentados.
    Concluído em 1952, a Unite d’ Habitation foi o primeiro de uma série de projetos habitacionais de Le Corbusier, cujo foco era a vida comunitária para todos os moradores, um lugar para fazer compras, divertir-se, viver e socializar, uma "cidade-jardim vertical."
                                                       


    A Unité d'Habitation foi uma nova abordagem, tanto para Le Corbusier, quanto a novas formas de criar um grande complexo residencial para acomodar cerca de 1.600 moradores. Especialmente, pois o arquiteto nunca havia feito edifícios de uma escala tão importante, sobretudo quando comparado às moradias dos anos 20. Ao projetar para um número tão significativo de habitantes, o instinto natural é projetar horizontalmente espalhando-se sobre a paisagem. Em vez disso, Le Corbusier projetou a comunidade que poderia ser encontrada dentro de um bairro com uso misto, um edifício moderno, residencial e de grande altura.
                                           

    A ideia de Le Corbusier da "cidade jardim vertical" baseou-se em trazer a vila para dentro de um volume maior, permitindo aos habitantes terem seus próprios espaços privados. Fora desse setor privado eles poderiam fazer compras, comer, exercitar-se e reunir-se.
    Com cerca de 1.600 habitantes divididos entre dezoito pavimentos, o projeto exigia uma abordagem inovadora para a organização espacial a acomodar os espaços de estar, bem como os espaços comuns, públicos.    Curiosamente, a maioria dos aspectos comuns não ocorrem no interior do edifício; mas inseridos na cobertura.

                                                 

    A cobertura torna-se um terraço jardim com uma pista de corrida, um clube, um jardim de infância, um ginásio e uma piscina rasa. Ao lado, há lojas, instalações médicas, e até mesmo um pequeno hotel distribuído por todo o interior da edificação. A Unite d’Habitation é essencialmente uma "cidade dentro da cidade", que é espacialmente, bem como funcionalmente, otimizada para os moradores.
    Diferente das usuais fachadas brancas de Corbusier, a Unidade de Habitação foi construída em concreto armado aparente, que era o material mais acessível na Europa pós-guerra. No entanto, isso também pode ser interpretado como uma aplicação materialista com objetivo de caracterizar o estado condicional da vida após a guerra - áspera, desgastada e implacável.
    Os grandes volumes dos edifícios são apoiados sobre pilotis massivos que permitem a circulação, jardins e espaços de convívio abaixo do edifício; o terraço jardim cria o maior espaço comum em todo o edifício, e o pátio incorporado no sistema de fachada minimiza a percepção da altura da edificação, criando também uma janela fita enfatizando a horizontalidade do grande volume.

                                    
 
    O enorme volume parece estar flutuando, as janelas em fita lembram as cabines que correm ao longo do casco, enquanto o terraço jardim e as torres de ventilação esculturais aparentam ser o deck superior e as chaminés. Apesar de esses elementos serem bastante figurativos e abertos à interpretação baseada na percepção, há uma ligação intrínseca entre ambos.
    Um dos aspectos mais interessantes e importantes do projeto é a organização espacial das unidades residenciais. Diferentemente da maioria dos projetos habitacionais que contam com um único corredor com unidades em cada lado, Le Corbusier projetou as unidades para abranger toda a largura do edifício, bem como ter um espaço de estar com pé-direito duplo reduzindo o número de corredores necessários para um a cada três pavimentos.

                                     


    Ao estreitar as unidades e permitir um espaço de pé-direito duplo, Corbusier pôde inserir mais unidades habitacionais no edifício, criando um sistema interligado de volumes. Em cada extremidade das unidades há um balcão protegido por um brise-soleil que permite a ventilação cruzada através da unidade, fluindo pelos dormitórios estreitos até os espaços de pé-direito duplo; enfatizando um volume aberto, no lugar de uma planta aberta.
    A Unidade de Habitação em Marselha é um dos mais importantes projetos de Le Corbusier, assim como uma das respostas arquitetônicas mais inovadoras para uma edificação residencial.





BIBLIOGRAFIAS:























 

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